sexta-feira

Eu... humilde...


Ainda estou a tremer até agora... que susto que o H. me deu, vi-o ficar negro diante dos meus olhos, deixei de ouvir a sua fraca respiração e senti o desalento do seu corpo nos meus braços.
Valha-me o sangue frio destas veias e artérias com colesterol, o raciocínio desta cabeça não tão oca como possa aparentar e a coordenação de ideias com que ainda posso contar desta mente que se concentrando atinge divagando naufraga...
Uma vida... uma vida humana nas minhas mãos, nunca me senti tão humilde como hoje, nem o peso da responsabilidade foi tão imenso quanto o que foi esta manhã...
Que alegria, que honra, que imenso prazer e tamanha emoção, ao rever cor naquela face, brilho naquele olhar, sorriso naqueles lábios antes azulados agora de rosa.
Não descansei enquanto ele não me olhou nos olhos e consegui ouvir e sentir nitidamente o arfar na pele da minha cara... deu-me um beijo aquele anjinho... sossegou o meu coração.
Que aventura...

Dói-me o corpo todo da força que fiz, da destreza que tive em o virar de pernas para o ar, senti os seus joelhos nos meus ombros enquanto o sacudia, já que a Manobra de Heimlich não estava a resultar devido à sua constituição física, passado os momentos de suor, chegaram os de dor intensa, provenientes do raio do teratoma, e da tensão muscular inevitável... enrolei-me ao chão por várias vezes, a dor é tanta...

Sei lá o que já tomei hoje de analgésicos e calmantes, pode ser resultem quando entrar em stand-by esta noite, já que amanhã lá estarei... mais alerta que nunca... ainda não me tinha calhado esta... bem que me avisaram... mas pedi por tudo, telepaticamente, a ele... e a Ele, que não fosse hoje o desfecho, nem às minhas mãos...

O meu pedido foi atendido...

"Mas salváste uma vida!"... e eu pergunto: "E...?!?"

Não era suposto estar feliz?!?... Acho que estou, mas não me chega!

2 comentários:

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